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A BÍBLIA FOI ADULTERADA!?

 



A Bíblia foi Adulterada?


Os Manuscritos do Mar Morto ou de Qumran


É comum nos dias de hoje ouvir ataques a Bíblia, desde dizeres como: ela foi adulterada, o Vaticano esconde segredos da Bíblia original, a Bíblia já sofreu muitas traduções e foram perdidos os verdadeiros sentidos das palavras, profeta A ou B vem corrigir o que foi adulterado, etc.


Estas alegacões, são visíveis em diversas esferas sociais, porém nota-se uma constante repetição das mesmas na obediência do “crer e repetir o que foi dito”, sem antes se pesquisar a veracidade das informações ouvidas.


Confrontando estas ideias com algumas pesquisas, não só teremos clareza sobre estes aspetos como também podemos chegar à conclusões mais sólidas sobre determinados assuntos na sua amplitude.


Excavations at Qumran (Photo: Yoli Shwartz)

Nos anos de 1947-1965 foram descobertos manuscritos denominados Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto. Esta, foi considerada a maior descoberta de manuscritos da época moderna e a mais importante na região da Terra Santa (Israel). 


Neste artigo, procuraremos apresentar de forma resumida o que são os Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto, um pouco da sua história, e também para uma melhor compreensão de elementos que ajudaram na formação do Novo Testamento (NT) e do Cristianismo, assim como eliminar as noções da Bíblia ter sido adulterada, e ver se esta descoberta revela ou não possíveis “diferenças e alterações” aferidas nas acusações.



Qumran

É o nome do lugar onde foram encontrados os primeiros manuscritos numa gruta situadas na região do Mar Morto, em Israel. Foram também localizados os restos dos edifícios onde possivelmente residia a comunidade.


Em seguida foram encontradas também, novas grutas com outros manuscritos e objetos, não só em Qumran, mas em toda a região do Mar Morto, e por isso hoje se fala dos Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto (ou do Deserto de Judá). 


Qumran cave excavation (Photo: Guy Fitoussi)


No ano 70 dC os romanos destruíram o Templo de Jerusalém, destruindo também a cidade, e assim Israel deixou de existir como estado judaico (até 1948). Em seguida, os romanos conquistaram e destruíram a comunidade de Qumran e depois tomaram a fortaleza de Massada, localizada próximo a Qumran. E em 135 dC foi vencida a última resistência judaica.


Na época em que se descobriram os primeiros Manuscritos a região estava sob ocupação inglesa, e em seguida o território passou a fazer parte da Jordânia. Em 1948 Israel tornou-se um estado independente, porém só em 1967, com a guerra dos seis dias, é que a região de Qumran e do Mar Morto passou a fazer parte do território de Israel.



O que são os Manuscritos?


Os manuscritos são escritos, em couro ou papiros, em sua maioria na língua hebraica, e alguns poucos em aramaico e grego, que foram encontrados nas 11 grutas. Alguns estavam em bom estado e outros estavam bastante deteriorados com o tempo e as condições onde foram guardados. Ao todo foram encontrados em torno de 800 documentos. Alguns estudiosos sugerem que alguns manuscritos sejam cópias de livros sagrados que os judeus do Templo esconderam ali, quando pressentiram que os romanos destruiriam Jerusalém. Alguns são apenas fragmentos (pedaços) de textos.



Em geral podemos dizer que os Manuscritos encontrados se classificam assim:

    

    a) Manuscritos bíblicos

Estes textos são cópias fiéis que os habitantes da região de Qumran (escribas) transcreveram dos livros do Antigo Testamento (AT) (cerca de 225 manuscritos). O Livro dos Salmos é que foi encontrado com o maior número de cópias, o segundo é o Deuteronómio; o terceiro é Isaías (curiosamente são também estes os três livros mais citados pelo Novo Testamento - NT). 


    b) Apócrifos: 

Foram encontradas cópias de diversos livros que não entraram no cânon (coleção) da Bíblia Hebraica, exemplo: apócrifo do Gênesis, de Henoc, de Noé, de Lamec, do Livro dos Jubileus, etc. De lembrar que na época em que foram escritos os Manuscritos a lista (cânon) dos livros do AT ainda não tinha sido concluída, embora já houvesse um certo consenso.



    c) Comentários bíblicos: 

Foram encontrados muitos textos que eram comentários e interpretações que a comunidade escreveu sobre os livros do AT. Estes comentários são importantes para percebermos como a comunidade judaica daquele tempo interpretava os textos sagrados. Além disso encontramos muitas cópias de Targums e Midraxes rabínicos (estudos e interpretações do judaísmo).



    d) Livros da Comunidade

A comunidade também escreveu livros sobre a sua vida. 

São textos legais sobre a organização da comunidade, livros e textos litúrgicos, poéticos, apocalípticos, escatológicos, comerciais, etc. Os mais famosos são a Regra da Comunidade, o Rolo do Templo, o Documento de Damasco, a Carta Halákica, a Regra da Guerra, etc. 


Além dos Manuscritos foi encontrada uma grande quantidade de outros materiais, importantes para o conhecimento da comunidade, como: cerâmicas, moedas, objetos de trabalho, vestuários, calçados, utensílios de cozinha e de trabalho, etc.

A data de origem dos manuscritos gerou muita controvérsia pois discutia-se a veracidade dos mesmos, a possibilidade de serem falsos ou um possível ataque ao Judaísmo ou ao Cristianismo com documentos forjados. 

Estas hipóteses estão hoje descartadas, pois os manuscritos foram submetidos à análises cientificas com os métodos mais modernos, como o Carbono 14 para aferir a sua possível data de origem, o que veio a confirmar que os manuscritos mais antigos sejam do século III Antes de Cristo (aC) e os mais tardios não sejam depois do ano 68 Depois de Cristo (dC).



A Importância dos Manuscritos para a Bíblia Hoje 


Devido as perseguições tanto aos Judeus assim como aos Cristãos, segundo a história, a preservação de textos originais ou copias antigas de Escrituras Sagradas foi difícil e por isso os Manuscritos do Mar Morto são, sem dúvida, a maior descoberta do milênio passado para a crítica literária e para o estudo da Bíblia, pois voltamos a ter acesso à cópias de textos bíblicos da época de Cristo e alguns até dos séculos II-III a.C. 


Para se ter uma ideia, antes desta descoberta, as nossas traduções Bíblicas eram baseadas nos manuscritos (Septuagint) Setenta de Alexandria, a tradução da Bíblia Hebraica para o grego que se julga ter começado no século III a.C. e concluída só duzentos anos depois, e a Vulgata Latina de São Jerônimo, elaborada no século IV. 


Todo o nosso conhecimento literário do mundo bíblico baseou-se nesse antigo texto cristão e nessas duas traduções posteriores, bem como no Pentateuco Samaritano, e em alguns excertos de versões aramaicas primitivas e nas citações gregas de Justino Mártir, em seu diálogo com o rabino Trífon.


Então, estes manuscritos de Qumran e do Mar Morto no seu todo, nos forneceram cópias com cerca de 2 mil anos de existência. Tudo isso ajudou a confirmar que os livros que o cristão tem hoje, são os mesmos que eram lidos antes, são os mesmo que eram lidos na época de Cristo e são os mesmo que lemos hoje.

Esta descoberta também ajudou a melhorar as traduções bíblicas modernas.


Para o mundo judaico, além da contribuição bíblica, a descoberta abriu o caminho para o acesso a manuscritos e materiais de cerca de dois mil anos de existência, bem como as escavações e o conhecimento de uma comunidade de um grupo judaico (os essénios), que contribuem também para entender melhor a história dos últimos anos da existência do estado de Israel (antes de ser destruído pelos Romanos). 


Também proporcionou um grande conhecimento da literatura hebraica pré-cristã.

Para o cristianismo, a maior importância está, não só nas descobertas bíblicas, mas também em poder conhecer melhor o ambiente, as estruturas, ideias do mundo judaico da época de Jesus e de uma comunidade que tinha pontos em comum e pontos divergentes com o cristianismo, sustentando o que vemos na Bíblia entre Cristo e os Fariseus provando assim que houve muitos que o rejeitaram assim como uma parte que O seguiu.



Conclusão  


Tanto as tradições Cristã como judaica, formaram-se no decorrer de revelações e interpretações continuas da palavra de Deus no decorrer dos séculos. 

Estas interpretações, formam hoje um entendimento mais amplo e conciso da fé crista, firmada, tanto nas evidencias culturais, históricas e antropológicas assim como também nas evidencias das coisa invisíveis e  visíveis.

Assim, embora a descoberta como um todo esteja agora disponível ao público, ainda há muito a ser pesquisado para que a compreensão das nossas origens possa ser aprimorada, como o continuo estudo da palavra de Deus.

Mas uma coisa é certa: a Bíblia mais do que qualquer outro livro, passou os testes históricos, antropológicos, sociais, políticos, científicos, etc, provando ser mais uma razão para se depositar fé nela e nas profecias cumpridas assim como nas que ainda irão se cumprir com a volta de Cristo, pois Ele mesmo nos diz: 

Mateus 24:35

“Céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” 



Bibliografia


Attridge, H. W. The Interpretation of Biblical History in the Antiquitates Judaicae of

Flavius Josephus. HDR 7. Missoula: Scholars, 1976.

The Dead Sea Scrolls and the Bible James C. VanderKam 

DONNINI, D. Cristo e Qumran. La chiave di un rapporto controverso.

In: http://www.etanali.it/mar_morto/files/qumran.htm

The Leon Levy Dead Sea Scrolls Digital Library.

In: https://www.deadseascrolls.org.il/home







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